Quando o antigo Letras Negras ainda respirava e vivia, eu escrevi um poema que gostei. Apesar de não apreciar de nada que escreva, de vez em quando surpreendo-me a mim próprio com um ou outro texto que me agrada. O “Estava estranha, Inês” (chamemos-lhe assim, por falta de nome) foi um desses casos esporádicos. Foi, na altura, dedicado a uma amiga e ela sabe quem é. A ela e a todos: uma (tentativa, pelo menos de) vida feliz.
Estavas estranha, Inês
Sentada na tua cama,
De mãos cerradas contra a face.
Gritavas o nome dele,
E choravas o estranho fado
Que Deus grande te fez.
E agarraste-te aos meus braços.
Agarraste com tanta força,
Com tanto pesar,
Que ainda hoje me doem
Se por lá os dedos passar.
E só ficaste durante alguns dias.
O teu sorriso desapareceu
E a cara foi perdendo a cor.
Para cá e para lá,
Chamando de bruxaria ao que tinhas,
E lavando o corpo sempre que te tocavam.
E quando o fazias sorrias.
Imaginavas-te com ele,
E eras feliz por breves momentos.
Mas cedo acordavas e voltavas
Ao teu desalento.
Que escorria molhado
Das tuas inúmeras lágrimas.
Tornou-se desalinhado e triste,
Mas, para mim, nunca deixou de impressionar.
Se algum dia olhares para trás
E te lembrares destes dias,
Não voltes a chorar,
Porque ao povo que te olha
Dói tanto como te pode a ti doer.
4 comentários:
que bonito *.*
é muito lindo, já gostava desde a primeira "edição"
fica bem*
sem duvida que a "ines", a estranha "ines" tem sorte de ter um "estranho" amigo como tu!
Muito bom o texto, mesmo!
abraços
.
já conhecia.
bonito-bonito*
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