terça-feira, 15 de abril de 2008

Uma música e um texto - 6


Como back to see the day
You lost your heart and all your hopes”
Rita Redshoes – Dream On Girl


Ah, esta tipa é genial! Nem sei se é portuguesa ou o que é, mas que é genial é. Não há discussão. Eu acho-a uma versão feminina do David Fonseca em termos de letras e sabes que eu adoro ouvir as letras. Aliás, para mim a letra é a parte mais importante da música. Pode haver muita música pouco interessante ao ouvido que é salva pela letra. Para a semana digo-te uma. E sim, acho que ela fez uma ou duas músicas com o David Fonseca, que também sabes gosto imenso.

Mas este verso é bom, muito bom. E como eu gostava de voltar atrás, para ver os dias em que o meu coração se partiu. E gostava de ver esses dias vezes e vezes sem conta, para ter alguma coisa sobre o que escrever, em vez de inventar histórias. E é uma pergunta que me faço às vezes. Será que não faria o que fiz? Sei lá. Não sei explicar. Será que alterava alguma coisa se eu voltasse atrás? Mesmo com o que sei hoje? Ah, como eu gostava de rever os momentos e alterá-los. Mas paciência, temos de viver com o presente, não é? Tu sabes que é verdade, e nem eu nem tu sabemos que é o tal ou a tal. Que estupidez de vida. Que perfeita e bela estupidez de vida…

Vou desligar isto e ver vídeos de quando era criança.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

O café de Antoine - Parte 1

Antoine era um homem que muitas mulheres considerariam formoso, inteligente e, no fundo, alguém que conseguia fazer da sua companhia o maior dos prazeres. Os homens sentiam inveja dessas qualidades, pois as mulheres rodeavam-no, mesmo as casadas, e riam e sorriam apenas para ele. Aos poucos e poucos, os senhores começaram a obrigar as senhoras a ficar em casa quando iam sair e as mulheres daquela cidade deixaram de poder apreciar Antoine. Mas os homens não o deixaram de fazer. Apesar da inveja sondavam-no constantemente, pedindo-lhe conselhos ou discutindo o que se passava. Antoine responderia “Como vê, não há nada com que nos tenhamos de preocupar em relação ao Estado” ou “Por sorte descobri um livro onde pude ler esse artigo de que me fala”. E assim os homens aprenderam que Antoine era francês, parisiense para ser mais exacto, que já viajara por quase toda a Europa e que, apesar de tudo, era ainda solteiro. Aprenderam que tinha apenas trinta anos e que falava fluentemente alemão, inglês, francês, espanhol e português. Aprenderam mais um sortido de aspectos que Antoine, apesar de reconhecer que os tinha, não se gabava.

Certa manhã, ao sair de sua casa, Antoine encontrou o Senhor M, que cumprimentou educadamente. O Senhor M era de baixa estatura e já velho, apesar de ainda ter um espírito novo e indomável, que alguns consideravam irresponsável.

-Vou bem meu caro! – Respondeu o Senhor M – A minha senhora? Oh, não vai muito bem… A memória continua a falhar e as dores na perna aumentam a cada dia. Ah, mas nada com que o senhor se deva preocupar! Faça a sua felicidade! Deixe as doenças para os velhos como eu. – Dizia com um sorriso, e despedia-se.

Antoine seguiu então para o seu café preferido. Não tinha nada de especial, nem nada que o destacasse de todos os outros cafés. Aquele era apenas o local onde se tinha habituado a ir e nunca pensou bem porquê. No entanto naquele dia, ao contrário dos outros todos, não havia quase ninguém sentado às mesas. Todos os clientes, ou quase todos, se empoleiravam e se acotovelavam em cima do balcão. Antoine conseguiu ouvir a voz do dono do café enquanto dizia “… sim, meus caros, essa é a minha filha! E podem crer, não há, num raio de quinhentos quilómetros, alguma mulher mais bela! Digam o que disserem!” Escussado será dizer que o dono do café não era um homem que se sentia incomodado com o facto da sua filha ser alvo de olhares curiosos dos homens. Na verdade, isso dava-lhe os maiores dos prazeres. Quando viu Antoine entrar no seu estabelecimento chamou-o por entre os homens à sua frente. Antoine aproximou-se do balcão e, um por um, cumprimentou os que lá se encontravam.

- Então, então? Que acha? – Perguntou o dono do café – É ou não é a mulher mais bela que alguma vez viu?

Antoine pegou numa fotografia que estava pousada no balcão e olhou-a durante uns segundos. A figura que lá se encontrava não podia ter mais de vinte e cinco anos e, apesar dos constantes elogios do seu pai, não parecia assim tão bonita, apesar de o ser ligeiramente. Antoine, como um cavalheiro que parecia ser, não pensou em discordar do pai orgulhoso e, pousando de novo a fotografia, disse “será difícil descobrir alguma mulher mais apeladora à vista”. Os restantes homens, que a achavam bastante bonita (ao contrário de Antoine) sorriram, felizes pelo cavalheiro concordar com eles e o próprio dono do café, com a felicidade, ofereceu uma cerveja a cada um dos que se encontravam no seu estabelecimento. Ao chegar a vez de Antoine, este recusou.

- Porque não aceita? – Perguntou o dono do café.

- Bem, ainda não faz uma hora desde que acordei e de manhã gosto de manter-me o mais sóbrio possível. – Respondeu com um sorriso – No entanto se quiser guardar a oferta para mais tarde, terei muito gosto em aceitar.

O dono do café surpreendeu-se com a resposta, embora muito positivamente, e inclinou-se para segredar ao ouvido de Antoine.

- Compreendo perfeitamente. E aliás, porque vejo em si alguém cujo modelo deve ser seguido, gostava de lhe oferecer a honra de poder ir buscar a minha filha, que chega hoje cansada de Munique, ao terminal. – Aqui a vaidade do dono era visível – Digo-lhe isto baixo porque ambos sabemos o que aconteceria se todos ouvissem. Imagino só a quantidade de homens que a iriam incomodar. Então que me diz?

Antoine concordou que nesse mesmo dia, às quatro da tarde, iria buscar a filha do dono e, calmamente, pegou no jornal para saber o que se passava para lá das portas daquele café.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Uma música e um texto - 5


"Nice dream, nice dream,

Nice dream"
Radiohead - Nice Dream

Estou tão, tão cansado.

Vou desligar isto e vou dormir.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Uma música e um texto - 4

“Her Majesty's a pretty nice girl
Someday I'm going to make her mine”
Beatles – Her Majesty

Pronto, toma lá! Para compensar as outras três bandas com mulheres dou-te uma só de homens. O John, o Paul, o George e o Ringo. E trato-os assim com esta proximidade porque, a meu ver, eles não deviam ser estranhos para ninguém. É verdade que um morreu e outro diz-se que está morto, mas mesmo assim ouvir e re-ouvir é sempre agradável.

E a música em si, a Her Majesty, é tão, tão curta. Apenas 23 segundos com um deles a cantar. Mas é tão boa! A música claro! A Senhora Majestade é lá com ela! E por a música ser tão curta ouço uma e duas e três vezes seguidas. Arrependo-me de não ter dito a nenhum dos senhores: “olhem, prolonguem esta música! 23 segundos não dá para nada, porra!”. Ah, eles iriam entender. Isto tudo para chegar onde? São os MEUS 23 segundos! São os 23 segundos em que não sinto nada. Não há amores nem desamores, ilusões nem desilusões. A minha vida tem sido assim nas últimas semanas, e tem sido bom! Mas sei que quando alguém chegar eu vou voltar a cantar: “Someday I’m going to make her mine!”. Para já aproveito a calma…

Vou desligar isto e vou ver os cães da vizinha.

domingo, 30 de março de 2008

Ode ao Tabaco (por extenso)

Gostava de ter começado a fumar. Não por prazer ou qualquer sentido estranho de exibicionismo, mas porque parece sempre mais fácil de passar o tempo quando estamos a fumar. Pode não ser verdade, mas quando vejo um qualquer homem, de barba mal feita, casaco castanho e mãos usadas sentado num banco, sem fazer nada, lá está o cigarro numa das duas mãos, direita ou esquerda, tanto faz. E de vez em quando leva o tal à boca e semicerra os olhos por uns instantes enquanto inspira (ou aspira) o fumo. E esses segundos, parece-me a mim, são como fazer o “reset” numa qualquer máquina. A partir daquele momento não mais o aborrecimento se acumula, apenas acaba e começa um novo. Qual o melhor? Ter um aborrecimento interminável? Ou vários e sucessivos com duração suficiente para tirar o cigarro da mão, pensar enquanto se olha para o vazio, e voltar a por o cigarro na boca? Ah, se eu não soubesse que faz um mal terrível escolheria o segundo. Nem pensaria duas vezes. Mas os médicos estragaram tudo! Estragam sempre tudo, raça de bata branca e estetoscópio ao pescoço! “Dá cancro” dizem eles. E eu não quero morrer novo, quero ver os meus netos. E por isso não posso fumar, nem posso fazer todas as outras coisas que os médicos dizem que mata.

Mas é agora, sentado aqui a olhar para o monitor, a sofrer de um tédio inabalável e interminável, que me apetecia fumar um cigarro. Infelizmente ninguém em casa fuma. Ou seja, não há tabaco em lado que se encontre. E eu fico lixado! Podia abrir a janela, acender o isqueiro, esse tenho, e fumar durante cinco ou dez minutos. Fazia o “reset” e era um tempo a menos para o aborrecimento e começava outro. Já não tinha de fazer horas para me ir deitar (ainda não tenho sono) porque nascia tudo outra vez. Podia encarar o tédio de maneira diferente, podia ir dar uma volta, eu sei lá! Mas assim não, assim tenho de ficar por aqui a olhar para o tecto e a desejar que os médicos nunca tivessem descoberto que o tabaco mata. Idiotas sem consideração!

terça-feira, 25 de março de 2008

Uma música e um texto - 3


“A língua inglesa fica sempre bem,
E nunca atraiçoa ninguém”

Clã- "Problema de Expressão"

Tens de admitir. Mesmo que não gostes destes tipos, eles são geniais. Eu sei que é uma mulher a cantar outra vez, mas que queres que te faça? Já os viste ao vivo? Com os temas antigos e tudo? Eu já! É imperdível! Devias ir vê-los qualquer dia.

E perguntas qual a razão de eu escrever em inglês? Quero dizer, perguntas tu e mais uns quantos, não és a única nisso. Acho que não tenho uma razão em especial. É só que, às vezes, quando abro o Word para escrever, tu sabes que eu nunca escrevo em folhas, sinto que o português não é a melhor língua para o que quero fazer. Bolas! Até o Pessoa escreveu em inglês! Mas não te queixes, de vez em quando escrevo em português, mas nem sempre. De qualquer maneira, sempre achei o Inglês uma língua mais poética que o Português. O Inglês é para filmes, músicas, para Romeus e Julietas. O Português é para as novelas, para os documentários e para a gramática.

Vou desligar isto e vou acertar os relógios da casa.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Coming Back and Forth (I Love Nobody)

Coming back and forth,
Oh, the carpet’s already gone.
Coming back and forth wishing,
Oh, wishing for the girl you wanted.

The beauty in her eyes,
Oh, back and forth in your mind.
Her sweet fine voice,
And, oh, the funny little jokes.

You wish you could dream once again,
Go back to her arms again.
But not today, no,
‘Cause caffeine already kicked in.

Oh, you didn’t use to drink coffee.
You didn’t use to dream so little.
Rest your heart and wait,
Oh the dreams of yesterday.

How many women did you love?
How many poems in your scrapbook?
How many dreams shattered?
Oh, I bet they’re a lot.

Stop already!
You’re making me dizzy
Going back and forth in the room,
You look like a nervous groom.
(So the mirror says)

Coming back and forth,
Waiting for the feeling to come.
It’s been a long, long time
Since you really loved someone.